AINDA SOBRE A TOURADA A REALIZAR PELA LIGA PORTUGUESA CONTRA O CANCRO NOS AÇORES

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Texto de José Ormonde

Maio de 2016, mês da tortura

Tal como manda a tradição e impõe o vício adquirido por muita deseducação que começa quase no berço, a 1 de Maio começa a época oficial das touradas à corda.

Hoje, na ilha que as importou e as manteve e que é centro difusor das mesmas, a ilha Terceira, estão marcadas três touradas à corda e este mês realizar-se-ão 35 (trinta e cinco).

Segundo um economista que deve ser bom no excell mas mau na vida real, isso será um grande contributo para o PIB pois há muitas despesas na realização das ditas, como o pagamento aos ganadeiros, às taxas e licenças para as autarquias, as licenças para os foguetes, a gasolina e o gasóleo para os transportes, os custos dos tratamentos dos feridos, se houver morte há ainda as despesas com o funeral, etc. Enfim, não se cria riqueza, mas é uma alegria e haverá sempre alguém que pagará a crise, distribuindo migalhas pelos mais desfavorecidos e milhões pelos empresários chupistas.

Como se isso não bastasse, uma associação que devia ser solidária mas que é adepta da caridadezinha e pouco açoriana, decide organizar a 29 de Maio uma tourada para angariar fundos para criar uma bolsa para estudos na área da oncologia.

Sobre a sua falta de açorianidade todos sabemos que desde sempre a direcção da Liga Portuguesa Contra o Cancro esteve sempre centrada na ilha Terceira e as delegações noutras ilhas nunca tiveram qualquer autonomia, o que não sabíamos era que para além da localização havia ligação à indústria tauromáquica que como se sabe vive da exploração e tortura e morte de animais para divertimento humano.

Conhecendo como se conhece os dirigentes terceirenses da Liga e os da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, entidades parceiras no infeliz evento, não é difícil concluir que se o objectivo é a criação de uma bolsa, eles a título individual ou através das suas empresas têm meios mais do que suficientes para a criação de três ou quatro bolsas. Mas, a bolsa não é mais do que um pretexto para organizarem mais uma tourada que é o que, no fundo, eles gostam.

José Ormonde

Açores, 1 de Maio de 2016

Fonte: Arco de Almedina

 

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(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, não estando efectivamente em vigor em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático).

APONTAMENTOS SOBRE A TAUROMAQUIA EM SÃO JORGE

Como é sabido a Ilha Terceira tem sido ao longo dos tempos o bastião da vil prática de torturar bovinos e o centro irradiador da tauromaquia para outras ilhas do arquipélago, com destaque para as ilhas da Graciosa e São Jorge

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Os Touros são bovinos, herbívoros, mamíferos, mansos, animais com um ADN semelhante ao do homem, e não nasceram para divertir sádicos

Texto de JOSÉ ORMONDE

De acordo com o historiador Pedro de Merelim, a primeira tourada à corda, em São Jorge, realizou-se a 7 de Setembro de 1934, durante as festas de São Mateus da Calheta. Segundo o autor citado: “Os rapazes de S. Jorge apesar de a tal, não estarem habituados, demonstraram arrojo e entusiasmo. José Veríssimo, o Prosa, natural da ilha Terceira, dirigiu a corrida. Gente das freguesias circunvizinhas acorreu, dando ao acontecimento esfusiante alegria. Outras touradas à corda se perspectivaram, para a mesma vila e freguesia da Urzelina”.

Com touros vindos da ilha Terceira, em São Jorge começou a prática de desrespeitar animais, de associar as touradas às festas religiosas, sem que a igreja se manifestasse contra aquela prática viciante e que, inclusive, desvia dinheiro dos paroquianos que poderiam reverter para a própria paróquia para os bolsos dos ganadeiros.

Depois da introdução da chamada tauromaquia popular, a indústria tauromáquica, que é insaciável em sangue e em dinheiro sem esforço, partiu para a introdução das touradas mais sangrentas para os animais, as de praça. Assim, de acordo com o autor citado, em 1948, “Alfredo Ovelha deslocou-se a S. Jorge, onde foi estudar, sem êxito, a possibilidade de realizar naquela ilha uma tourada de praça.”

Mais tarde, em 2005, o Governo Regional dos Açores, presidido por Carlos César, deu uma ajudinha à prática da tortura, através da “cedência, a título definitivo e oneroso, à Tertúlia Tauromáquica Jorgense – Amigos da Festa Brava Jorgense, de dois prédios rústicos sitos ao Pico da Caldeira de São Jorge, freguesia e concelho de Velas, inscritos na matriz predial rústica sob os artigos 2432.º e 1458.º e descritos na competente Conservatória do Registo Predial, respectivamente sob os n.ºs 804 e 608/Velas, ao abrigo do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 97/70, de 13 de Março, conjugado com o n.º 3 do artigo 5.º do Decreto Legislativo Regional n.º 3/2004/A, de 28 de Janeiro”.

De acordo com a Resolução do Conselho do Governo n.º 74/2005 de 19 de Maio de 2005, os terrenos que custaram a quantia irrisória de 6.000 euros e destinavam-se à “construção de uma Escola de Equitação e parque de estacionamento de apoio à Praça de Touros”. Ainda de acordo com a mesma resolução “os terrenos ora cedidos regressam ao património da Região Autónoma dos Açores se lhes for dado fim diferente do assinalado ou em caso de incumprimento das condições da cedência”.

A justificação para a cedência dos terrenos é uma autêntica afronta a todas as pessoas que têm e usam o cérebro para pensar. Com efeito, entre as diversas cabeças existentes no Governo Regional dos Açores de então, ninguém viu que era um disparate o seguinte:

“Considerando que a Câmara Municipal das Velas classifica a Tertúlia Tauromáquica Jorgense como uma instituição de grande valor no concelho, quer do ponto de vista turístico quer cultural, e que a construção de uma Escola de Equitação se apresenta como um projecto de grande importância.”

Quando é que uma instituição que fomenta os maus tratos a animais tem valor cultural? Que turistas vão a São Jorge para assistir à tortura de um animal numa praça de touros? Onde anda a Escola de Equitação? Porque não exige o Governo a devolução dos terrenos ao património da região?

O ano de 2014 foi um ano negro para São Jorge, que se traduziu na morte, perfeitamente evitável, do senhor Horácio Borges numa tourada à corda e num número de feridos que nunca entra nas estatísticas porque há hospitais e centros de saúde e corporações de bombeiros que os escondem.

Foi, também, em 2014 que, depois de um interregno, regressaram as touradas de praça, com o ferimento de pelo menos um forcado. Para além do referido, regista-se a falta de vergonha por parte da Tertúlia Tauromáquica Jorgense que pediu o apoio no valor de 35. 000 (trinta e cinco mil euros) para a realização de uma tourada de praça no âmbito da Semana Cultural (?) das Velas.

Vergonhosa foi, também, a acção da Câmara Municipal das Velas que atribuiu 3.500 € à referida Tertúlia contra a cedência de 50 bilhetes para a tourada a distribuir por Instituições de Solidariedade Social do Concelho.

José Ormonde

2 de Abril de 2016

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(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático)

Fonte: Arco de Almedina

 

 

(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático)