Expostos 24 horas por dia aos hóspedes, os ursos ficam presos em um pequeno recinto que pode ser visto através das janelas dos 21 quartos do hotel
A exploração de dois ursos para entretenimento humano em um hotel na China tem sido alvo de críticas de entidades e ativistas pelos direitos animais. Tratados como objetos em exposição, os animais silvestres vivem em um espaço reduzido no Harbin Polar Land. Privados da vida na natureza, eles são obrigados a morar em um recinto com rochas e iglus falsos e com o chão pintado de branco. Os lagos dos quais eles desfrutariam no habitat foram substituídos por uma pequena piscina.
Jason Baker, vice-presidente da entidade internacional PETA, afirmou à agência Reuters que “estes animais pertencem ao Árctico, não a um zoo ou a uma caixa de vidro num aquário – e, certamente, não pertencem a um hotel”.
“Os ursos polares estão ativos durante cerca de 18 horas por dia na natureza, durante as quais percorrem distâncias que podem chegar a milhares de quilômetros e desfrutam de uma vida real”, reforçou.
No hotel, a realidade dos ursos é outra. Expostos 24 horas por dia aos hóspedes, eles ficam presos em um recinto que pode ser visto através das janelas dos 21 quartos do estabelecimento. Tamanha crueldade tem atraído visitantes que não se importam com questões relativas ao bem-estar animal e já reservaram todos os quartos até maio.
Ignorando a diferença abissal entre o pequeno recinto e o habitat dos ursos, uma representante do hotel afirmou que os animais vivem em ambientes adequados, com ar condicionado e “bastante espaço para imitar as condições que encontram no Ártico”.
Anbarasi Boopal, uma das CEO da ACRES, associação que resgata e reabilita animais silvestres, discorda. “Pisos áridos, decorações artificiais e 24 horas de exposição aos hóspedes do hotel – todas essas são condições que negligenciam e desrespeitam estes animais, que podem ficar muito nervosos, devido à falta de lugares para se esconderem e demonstrar comportamentos estereotipados para lidar com o estresse”, afirmou à agência de notícias AFP. “É chocante e, até, de partir o coração ainda ver enclausuramentos destes, que deixam ursos polares em condições terríveis – tudo por puro entretenimento”, completou.
Esperançosas de que a população chinesa e os turistas se conscientizem a respeito dos direitos animais, as associações lutam para fazê-los entender que locais como o Harbin Polar Land não devem ser frequentados, já que é o dinheiro investido pelas pessoas nesse tipo de estabelecimento que sustenta a exploração animal.
Um dos porta-vozes da China Animal Protection Network, uma ONG de proteção animal, pontuou que as crueldades cometidas contra animais silvestres no país – incluindo aqueles que são mortos pela medicina tradicional chinesa – ocorrem por conta de “lacunas na lei de proteção à vida selvagem na China, que permite a exploração animal sem qualquer tipo de preocupação com o seu bem-estar”.
Confira no vídeo abaixo os movimentos repetitivos, característicos de estresse, feitos por um dos ursos no hotel: