Caçadas por pescadores por sua carne, perseguidas nos oceanos para serem vendidas aos parques aquáticos, vítimas de envenenamento por produtos tóxicos que infestam os mares e com sua principal fonte de alimento se exaurindo rapidamente, as orcas estão mais próximas da extinção do que se imagina.
Orcas tem sua existência ameaçada por uma conjunção de fatores
As orcas carregam o estigma de baleias assassinas, porém, elas pertencem a família dos golfinhos. Esses mamíferos de dimensões gigantes são criaturas marinhas inteligentes e gentis, que vivem em estrutura de família, e se assemelham muito aos seres humanos quando se trata de inteligência emocional. Infelizmente, esses animais gigantes e indefesos estão em risco, graças às atividades humanas tanto no passado e como no presente.
Um novo estudo conduzido por Jean-Pierre Desforges e publicado na revista Science, mostra evidências que mais da metade das populações de orcas do mundo podem sofrer um completo colapso ou, no mínimo, um declínio severo nos próximos 30 a 50 anos. Das 19 populações de orcas selvagens que ainda restam no planeta, o último estudo prevê que 10 delas terão uma queda acentuada e significativa em seus números e até mesmo podem chegar a zero nas próximas décadas.
A principal ameaça responsável por essa massiva extinção de baleias é um grupo de produtos químicos tóxicos chamados bifenilos policlorados (PCBs). Esses perigosos compostos carcinogênicos foram proibidos nos Estados Unidos décadas atrás, em 1979. Mesmo assim, o estudo de Desforges revelou que eles ainda estão presentes em grandes quantidades nos oceanos ao redor do globo, particularmente no hemisfério norte.
Descobriu-se, de fato, que as populações de orcas nesta região apresentavam fortes sinais de contaminação por PCBs, e os efeitos contínuos dessas substâncias químicas ameaçam a sobrevivência desses majestosos animais. Especificamente, os PCBs estão interferindo na reprodução e no sistema imunológico das orcas, além de mudar seus comportamentos inatos de maneiras que podem ser mortais.
Desforges descreveu esta descoberta alarmante para a National Geographic como “Um grupo de produtos químicos que pensávamos não ser mais uma ameaça ainda está presente em concentrações tamanhas que continuam a representar um risco significativo”.
O cientista classifica os resultados como “assustadores”, especialmente considerando que os PCBs são apenas uma entre as muitas ameaças que as orcas enfrentam atualmente. Também é motivo de grande preocupação o fato de que as populações de salmão Chinook – a principal fonte de alimento das orcas residentes do Sul – vêm diminuindo rapidamente nos últimos anos devido ao excesso de pesca na região, à perda de habitat e à poluição. Como resultado, os cetáceos estão morrendo de fome e perdendo suas crias a um ritmo sem precedentes.
Para piorar a situação, o tráfego de embarcações nos oceanos está interferindo na capacidade das orcas de se comunicarem umas com as outras e usar a ecolocalização, dificultando ainda mais sua busca por alimentos.
Em última análise, a situação das orcas está sendo impulsionada por uma teia complicada de fatores, e todos eles apontam para um destino sombrio para estes animais num futuro próximo. A boa notícia é que ainda resta algum tempo para a tomada de ações urgentes e emergenciais e sólidas.
Reduzindo o consumo de frutos do mar, a demanda por peixes – dos quais muitas vezes as orcas dependem para sobreviver – tende a cair e a sobrepesca que ameça estes animais acompanha esse processo. Além disso, o abandono do uso de sacolas plásticas também tem impacto na redução da poluição oceânica, o que, por sua vez, beneficiará não só as orcas como tantas outras criaturas do mar.
Fonte: ANDA