Emmanuel Macron promete €15 biliões para combater a crise climática

Presidente francês anuncia medidas de “onda verde” em eleições locais

Imagem da Torre Eiffel, em Paris, na França

Emmanuel Macron prometeu um orçamento extra de €15 biliões (cerca de R$90,3 biliões) para combater as mudanças climáticas nos próximos dois anos e estuda a possibilidade de criar um referendo para incluir o crime de “ecocídio” na constituição francesa.

As medidas foram anunciadas algumas horas depois que outros candidatos provocaram uma onda verde em toda a França, conquistando os eleitores locais que o presidente não havia cativado.

Na reunião com os membros da Comissão de Cidadãos pelo Clima – um comitê com 150 franceses – Macron prometeu um fundo extra e medidas urgentes. Ele aceitou 146 das 149 recomendações propostas pela comissão.

Macron disse que espera implementar as medidas imediatamente e que a nova lei estaria em vigor antes do final do verão. Além disso, ele deu os parabéns à comissão por “fazer a escolha de colocar o meio ambiente no centro do nosso modelo económico”, mas rejeitou a
sugestão de um imposto sobre investimento e adiou o debate sobre o limite de velocidade em estradas francesas.

A Comissão de Cidadãos pelo Clima é a parte de um experimento democrático na França onde um grupo de cidadãos variados foi convidado para definir a política ambiental dos últimos dois anos do governo de Macron – e especificamente como diminuir em 40% a
emissão de carbono no país até 2030.

As propostas do grupo foram elaboradas em cima de cinco temas: transporte, habitação, trabalho e produção, alimentação e consumo de recursos naturais.

Os resultados das eleições municipais na França, nas quais o partido ambientalista Europe Écologie Les Verts obteve ganhos significativos em uma votação marcada pela nova crise do Coronavírus e pela abstenção histórica, tornou a resposta de Macron crucial para o seu partido centrista La République en Marche (La REM).

A votação foi um golpe previsível para o partido La REM, que se fracturou no cenário nacional político francês mas fez pouco sucesso nas eleições locais fora de Paris.

Os ecologistas dominaram as maiores cidades incluindo Lyon, Bordeaux, Strasbourg, Marseille and Besançon e outras grandes cidades na votação. Em Paris, onde a prefeita de esquerda, Anne Hidalgo, em aliança com EELV, foi reeleita com um número grande de votos que priorizava combater a poluição, a crise climática e o maior uso de energia limpa.

O ambientalista Yannick Jadot disse que os resultados significam um “novo desenho de uma paisagem política” em torno de problemas ecológicos.

“As pessoas estão tentando fazer sentido as coisas, nosso modo de viver, nossa casa, a densidade da cidade, comida, viagem, solidariedade, novos métodos de democracia… Parte dessa população tem um desejo, uma vontade, por mudanças reais na nossa sociedade, que seja social e económica”, disse Jadot para o jornal “Ouest-France”. “Obviamente, haverá uma antes e depois das eleições locais de 2020. É uma verdadeira virada política no nosso país”, completou ele.

O Greenpace acusou Macron de diluir as propostas da comissão usando piadas para evitar medidas importantes. “A mensagem enviada para as eleições municipais são claras: meio
ambiente e a crise climática não são as únicas preocupações do povo francês, mas uma prioridade política que deve resultar em atos, medidas concretas e um objectivo geral seguindo o acordo climático de Paris. A Comissão de Cidadãos disse a mesma coisa e precisará de mais do que um adorável discurso para satisfazer as expectativas”, diz Jean-François Julliard, diretor da Greenpeace France.

Clément Sénéchal, responsável pela campanha climática do Greenpeace France, disse que o governo poderia fazer as suas acções corresponderem às palavras ditas pelo presidente, fazendo auxílios estatais a empresas atingidas pelo Coronavírus, incluindo montadoras e companhias aéreas, dependendo da sua disposição de introduzir medidas sociais e ambientais. “Isso forçaria as empresas poluidoras a mudarem o seu modelo e
ficar para trás do acordo de Paris”, diz Sénéchal.

É fato que o presidente está considerando uma mudança em seu governo, incluindo a demissão do seu primeiro-ministro Édouard Philippe, que foi eleito prefeito de Le Havre.

Fonte: ANDA