Número total de borboletas a oeste das Montanhas Rochosas caiu 1,6% desde 1977, descobre estudo – “Se extrapolarmos esse número fica insano”
As variadas e belíssimas espécies de borboletas no oeste dos EUA tem diminuído devido a crise climática, diz um novo estudo, com o aumento da temperatura ajudando a causar um declínio acentuado no número de borboletas nos últimos 40 anos.
Foi observada uma queda anual de 1,6% no número total de borboletas observadas na região das Montanhas Rochosas desde 1977, calculam os pesquisadores, que se somados mostram uma incrível perda de borboletas no período desse estudo.
“Se você extrapolar esse número fica insano mas é consistente com o ‘fenômeno do para-brisa’, onde as pessoas perceberam que não estão mais perdendo seu tempo tendo que limpar os insetos que ficam nos para-brisas de seus carros”, disse Matt Forister, que é professor de biologia na Universidade de Nevada e é o principal autor desse estudo.
“Certamente várias espécies de borboletas estão ficando tão raras que se tornou difícil que as pessoas consigam ver espécies que antigamente eram comuns e difundidas”.
Essa queda tem eliminado espécies muito queridas como a borboleta monarca, que é conhecida pela sua espetacular imigração anual em massa para a Califórnia mas que perdeu 99% de sua população quando comparado a 40 anos atrás. “Com a monarca as vezes parece que estamos prestes a perder a migração, ou até mesmo toda a espécie”, disse Forister.
A pesquisa, publicada na Science, analisou informações de cidadãos que observaram as borboletas em 72 locais ao longo da costa oeste dos EUA. Ao todo, mais de 450 espécies de borboletas foram incluídas no estudo.
Em todos esses relatos de observação, os pesquisadores encontraram uma queda anual de 1,6% no número de borboletas no oeste, que é consistente com a taxa de queda de outros insetos que outros pesquisadores encontraram em diferentes lugares do mundo, aumentando as preocupações com uma forte crise entre essas criaturas que nos ajudam na produção de nossos alimentos, fazem a decomposição de materiais e formam a base crucial da teia da vida.
As borboletas, igualmente a outros insetos, estão sendo negativamente afetadas pela perda de habitat e pelo uso de pesticidas tóxicos, e os pesquisadores levaram estes fatores em consideração em seus estudos, mas descobriram que o aquecimento global sozinho é o responsável por essa forte queda na população de borboletas.
Isso pode estar acontecendo pois as plantas estão morrendo mais rápido ao fim do verão, o que significa que as fontes de néctar para as borboletas estão mais escassas, ou que os invernos mais quentes tem causado interferência na fase de êxtase que as borboletas entram durante os meses mais frios, o que significa que elas estão em piores condições físicas na chegada da primavera.
“Nós temos muitas áreas abertas a oeste e as pessoas normalmente tem dificuldades em entender que poucos graus de diferença na temperatura podem mudar tudo, e realmente pode”, disse Forister. “Nós estamos observando esses impactos das mudanças de temperatura até mesmo em lugares ainda muito naturais e eu sinto que já perdemos as borboletas das áreas que foram afetadas pela agricultura e pela urbanização”.
Forister diz que enquanto as temperaturas continuarem a subir, as pessoas podem ajudar as borboletas a respirar ao conservar áreas abundantes em girassóis e deixando de usar alguns tipos de produtos químicos.
“Essa queda é absurdamente preocupante do ponto de vista ecológico, disse Dara Satterfield, um pesquisadora de borboletas do Instituto de Conservação Biológica do Smithsonian, que não esteve envolvida neste estudo. “Nós sabemos que as borboletas e as mariposas são agentes polinizadores, ajudam com a decomposição, transportam nutrientes e são fontes de alimentos para pássaros e outros animais selvagens”.
“Esse estudo é consistente a outros grandes bancos de dados ao redor do mundo, nos mostrando que as últimas décadas trouxeram novos obstáculos para a sobrevivência de várias espécies de borboletas.”
Fonte: ANDA