MATO GROSSO Cresce em 173% de Jaguares no Pantanal após queimadas

O aumento da presença de jaguares na região após as queimadas não era esperado

A presença de jaguares no Pantanal de Mato Grosso cresceu 173% após as queimadas que devastaram o bioma. O levantamento foi feito por guias de turismo locais. Os dados se referem à detecção a espécie na região, não ao número de animais, que não registrou aumento.

Os incêndios que devastaram 30% do Pantanal em 2020 destruíram 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, localizado na região de Porto Jofre, na cidade de Poconé. O local abriga o maior número de onças-pintadas do mundo.

O guia de turismo naturalista, que participou do levantamento, Ailton Lara, contou que os dados foram obtidos através de uma ação promovida por guias de turismo, pilotos de barcos, visitantes e ONGs.

“Alguns anos observamos mais, outros percebemos menos que foram catalogadas, mas esse número de indivíduos vem aumentando a cada ano na região. Em 2020 o Pantanal sofreu um dos maiores incêndios florestais da história humana e afetou muito, a flora e a fauna”, disse Ailton ao G1.

Entre os anos de 2007 e 2009, 144 onças foram fotografadas na região e um levantamento detectou uma média de 11 onças-pintadas por ano. Em 2020, após os incêndios, 75 animais da espécie, sendo 30 jaguares novas, foram catalogadas. No total do ano passado, o número é de 89 jaguares.

O aumento da presença de jaguares na região após as queimadas não era esperado, segundo o biólogo Gustavo Figueirôa, especialista em manejo e conservação da fauna silvestre.

“Não tem um estudo para comprovar essas hipóteses, mas, graças ao fogo, a falta de alimento e estiagem, diminuíram os recursos no interior do parque isso pode ser o motivo dessas jaguares irem procurarem onde os animais se concentram, como jacarés e capivaras, que são seus alimentos”, comentou ao G1.

“Os jaguares são animais ágeis que conseguem pular, nadar, escalar árvores e correr e, mesmo assim, foram prejudicadas pelos incêndios. Muitos dos animais que morreram faziam parte da cadeia alimentar e do cardápio dos jaguares. Então, a disponibilidade de alimentos diminuiu durante e após os incêndios. Esse aumento pode ser explicado pela alteração na paisagem e diminuição de recursos nas áreas mais internas do parque”, completou.

Segundo ele, ainda não é possível afirmar se o aumento na presença de jaguares no Pantanal é um ponto positivo ou negativo para o bioma.

“Na minha visão, isso é ruim: no cenário geral queimou boa parte do parque, ainda tem pouca disponibilidade de alimento. É ruim os jaguares terem que sair do seu habitat para procurar alimento. Mas, ao mesmo tempo, é bom que ver que tem muitos jaguares que sobreviveram aos incêndios e acharem outros recursos”, finalizou.

Fonte: ANDA