Descoberto como ponto chave na rota do tráfico de presas de elefante, o país aumentou o número de operações de confisco de marfim nos últimos 5 anos.
Oficiais da alfândega cambojana em frente às presas de elefante apreendidas no posto
Resultado do especismo voraz – definição de comportamento discriminatório em que somente uma espécie habitante do planeta, no caso a humana, tem o direito de prevalecer sobre todas as demais, explorando e matando indiscriminadamente – que consome a humanidade há séculos, o tráfico de animais selvagens se mostra acima das leis criadas para contê-lo e encontra caminhos obscuros para sobreviver e levar diversas espécies de animais à extinção.
Maior prova disso é a apreensão de mais de três toneladas de marfim ocorrida no Camboja domingo último (16) no porto de Phnom Penh, capital do país. Considerada a maior do país até o momento, as presas de elefante estavam escondidas em um contêiner de armazenamento enviado de Moçambique (África do Sul, conforme informações de autoridades alfandegárias do país.
A descoberta das 1.026 presas se deu graças a uma dica da embaixada dos EUA, de acordo com os funcionários da alfândega, e reforça o papel do Camboja como um ponto chave no trânsito regional do comércio multibilionário e ilícito de animais selvagens. “As presas de elefante estavam escondidas entre peças de mármore em um contêiner que foi abandonado”, afirma Sun Chhay, diretor do escritório da alfândega e impostos especiais do porto.
O diretor afirmou ainda que o marfim foi enviado diretamente de Moçambique e chegou ao porto no ano passado.
O proprietário do carregamento ainda não foi identificado e também não apareceu para retirar a carga. Fotos do enorme montante, mostram longas filas de presas confiscadas espalhadas pelo chão no porto.
Sun Chhay disse também não ter informações se o carregamento era destinado a mercados em outros países.
A alta demanda proveniente principalmente da China e do Vietnã tem alimentado o crescimento do tráfico de animais (ou partes: ossos, presas, pele, afins) através do Camboja. Policiamento insuficiente e corrupção atraem esse tipo de contrabandista, ainda mais agora que a vizinha Tailândia está reprimindo a proibição do comércio.
Ao contrário dos chifres de rinoceronte e escamas de pangolins que são traficados com destino ao mercado de medicina tradicional chinesa (maior mercado consumidor de marfim do mundo), o contrabando do marfim é direcionado ao mercado de joias e antiguidades.
Embora o Camboja tenha uma população minúscula de elefantes, sua emergência como um novo ponto de tráfico resultou em várias apreensões nos últimos cinco anos.
A maior delas, sem contar esta última, ocorreu em 2014, quando funcionários da alfândega apreenderam cerca de três toneladas de marfim escondidas em um contêiner de grãos no porto de Sihanoukville, no sudoeste do país.
Ano passado, autoridades cambojanas também apreenderam quase uma tonelada de marfim escondida em troncos ocos que descobertos dentro de um contêiner abandonado de propriedade de uma empresa com sede em Moçambique.
Consideradas os “dentes dos elefantes” suas presas são utilizadas para ajudar na manipulação de alimentos (colher e transportar ervas, brotos dos galhos, arbustos, frutas e vegetais), como fonte de equilíbrio e também de defesa. São congênitas, únicas e direito inalienável e congênito desses animais, que têm sido mortos, dizimados e levados à extinção apenas por possuí-las em um mundo onde outra espécie se acha no direito de se apropriar delas.
Nota da redação: De acordo com os resultados do Great Elephant Census entre os anos de 2007 a 2014 o número de elefantes diminuiu 30%, ou seja, desapareceram mais de 140 mil espécimes, numa taxa de 8% ao ano. No ritmo atual é estimado, de acordo com o estudo, que em 2025 os elefantes estejam extintos.
Fonte: ANDA