A biodiversidade do planeta Terra é imensa. De acordo com levantamentos da revista científica Plos Biology, contam-se cerca de 8,7 milhões de espécies de seres vivos. Esse número só tende a aumentar conforme descobertas de pesquisadores na natureza. Inclusive, o Brasil concentra o maior número de espécies vertebradas a serem descobertas no futuro, segundo estudo publicado recentemente pela revista “Nature”, uma das mais respeitadas no segmento meio ambiente.
O país lidera as probabilidades, com 10,4% de espécies desconhecidas no mundo. Logo atrás está a Colômbia, com 5,2%, depois vem a Indonésia, que tem 5%, e por fim, Madagáscar, com 4,6%. Estes números buscam contribuir com ações de preservação ambiental efetivas e acelerar as catalogações de novos animais, se houver estímulos financeiros para pesquisas. Mário Ribeiro de Moura, professor da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e seu supervisor de pós doutorado na Universidade de Yale nos Estados Unidos, Walter Jetz, foram os pesquisadores que guiaram o estudo.
O ranking contou com 11 variantes estudadas, como clima regional e fatores geográficos. Os cientistas deram atenção também às características voltadas às espécies em particular, como tamanho do animal e sua distribuição pelos territórios. A pesquisa indica que a Mata Atlântica é o bioma brasileiro onde mais espécies serão descobertas. A Amazónia também possui muitos animais a serem descobertos, não só em território brasileiro, mas também no Peru, na Colômbia e outros países vizinhos.
Essa descoberta pode auxiliar no controle do desmatamento, segundo o professor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Carlos Roberto da Fonseca, que estudou o bioma amazônico em seu doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele acredita que com novas espécies surgindo, reservas de conservação também serão criadas.
“Se não sabemos que existe, não conseguimos preservar. Normalmente, as pessoas acham que todas as espécies são conhecidas, mas isso está longe de ser verdade. Todo dia, toda semana, a gente vê a descrição de novas espécies. Isso mostra o quanto a gente deveria estar investindo em museus e instituições de zoologia e botânica que tratam da biodiversidade brasileira”, diz Fonseca.
O maior obstáculo para a realização dessas descobertas, conforme a opinião dos professores, é a falta de investimento em pesquisas no Brasil. “É muito comum fazermos trabalho de campo com pouquíssimos recursos. Os cientistas extraem amostras de DNA, mas muitas vezes precisam mandá-las para profissionais estrangeiros, que têm mais acesso a reagentes e equipamentos necessários para fazer o sequenciamento”, desabafa o professor. “O Brasil tem profissionais qualificados, mas falta muito investimento em pesquisa”, finaliza.
Fonte: ANDA