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Mário Amorim

FUTURO AMEAÇADO O que aconteceria se a Amazónia fosse totalmente destruída?

Você já parou pra pensar no que aconteceria com o planeta se a floresta Amazónica fosse completamente destruída?

As estatísticas de desmatamento e queimadas na Amazónia brasileira nos últimos anos, especialmente com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atingiram recordes assustadores. O problema despertou preocupação no mundo inteiro diante das mudanças climáticas que atingem o planeta e afetam a vida do ser humano.

Isso o que acontece na nossa floresta impacta diretamente nos outros ecossistemas da Terra. Mas você já parou pra pensar no que aconteceria se toda a Amazónia fosse simplesmente destruída? O Vocativo buscou alguns dos maiores especialistas em clima e meio ambiente do país para obter essa resposta.

Pergunta difícil. Cenários variados

Saber exatamente o que aconteceria se a Amazónia fosse destruída é uma pergunta extremamente difícil de ser respondida. Isso porque a interação entre o nosso bioma e outras regiões do planeta também precisam ser levados em conta, como veremos ao final da matéria. Geralmente os cientistas adotam modelos e cenários que são simplificações da realidade.

“Eu já verifiquei na prática que nos últimos quarenta anos, já temos 20% a menos de chuva no Brasil em virtude das mudanças na Amazónia no período mais seco do ano, que é quando mais precisamos”, explica Luciana Gatti, pesquisadora titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). “Dá pra dizer com certeza que estamos acelerando as mudanças climáticas desmatando a Amazónia. Isso eu digo com 100% de certeza”, afirma.

“Entre outros impactos, seria a gota d’água para empurrar o sistema climática global em um efeito estufa incontrolável”, alerta Philip Fearnside, doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (Inpa), em Manaus.

“A perda da floresta amazónica implicaria no desaparecimento dos enormes rios e biodiversidade da região, além de acabar com a regulação climática exercida pela floresta. Isso teria um efeito em cascata, com inúmeras consequências negativas para o bem-estar humano”, explica Mariana Vale, professora adjunto no Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em Ecologia pela Duke University (EUA).

Como ficaria a região?

Em 2023 Manaus e outras regiões do país como o litoral Norte de São Paulo têm sofrido com fortes chuvas que trouxeram devastação, destruição de propriedades e morte. Esses eventos extremos climáticos tem relação direta com o desmatamento, que permite que a superfície – sem a proteção das árvores – fique mais quente.

Aí entra em cena a ação do homem. No caso do Brasil, mais especificamente dois homens. “Dá pra afirmar com certeza de que existe relação entre o desmatamento promovido por Bolsonaro e [o ex-ministro do Meio Ambiente] Ricardo Sales e a aceleração dos eventos extremos no Brasil”, afirma categoricamente Luciana Gatti.

Caso a floresta desaparecesse, os problemas iriam muito além do excesso de chuva. “Na própria Amazônia, haveria uma crise hídrica da água, o colapso da produção de agrícola e pesqueira, tornando a vida da população essencialmente inviável. Isso aumentaria enormemente as taxas de mortalidade e movimentos migratórios”, explica Mariana Vale.

Um dos efeitos mais óbvios de uma eventual destruição da Amazónia seria o aumento considerável da temperatura da região. E antes que você pense que dá pra se abrigar no conforto de um ar-condicionado, Liana Anderson, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) explica que não é bem assim. “Hoje, a energia elétrica fornecida para os estados da Amazônia tem como origem as hidrelétricas, que não poderiam funcionar sem a água”.

Clima do planeta afetado

Mas quem pensa que as consequências se limitariam aos estados da Amazónia está enganado. O desaparecimento dos rios, por consequência da alteração das chuvas, causaria também uma redução da produção pesqueira nos mares, podendo afetar toda a costa do Brasil, das três Guianas e a Venezuela.

Sem regulação climática, haveria uma drástica redução nas chuvas e aumento de episódios de seca, afetando a produção agrícola em diversos países da América do Sul e até em outras regiões do planeta. “Em resumo, seria uma catástrofe de grandes proporções, não apenas par a biodiversidade, mas também para a humanidade”, afirma Mariana.

“Sabemos que a Amazônia é uma bomba de chuvas que mantém essa água na América do Sul e parte dessa umidade, até pela circulação, acaba pegando o Oceano, subindo até a África e, em alguns anos, até a Europa. Quebrar essa bomba de água significa quebrar todo o regime de chuvas do nosso continente, que ficaria provavelmente muito mais seco”, alerta Liana Anderson.

Segundo Anderson, o carbono preso na floresta, que equivale a 10% daquilo das chamadas emissões de carbono antrópicas (produzidas como resultado da ação humana), iria diretamente para a atmosfera da Terra. O que seria o mesmo que ligar uma panela de pressão na temperatura máxima do planeta. “Iríamos entrar em ebulição”, explica Liana.

Novas pandemias

A perda da floresta amazônica também aumentaria a ocorrência de pandemias como a da Covid-19. “O processo de desmatamento coloca um grande número de pessoas em contato com animais silvestres que carregam vírus desconhecidos”, afirma Mariana Vale. Vale lembrar essa matéria do Vocativo de julho de 2021 mostrando que aqui seria o local perfeito para o surgimento da próxima pandemia.

Rede interligada

E quem mora em outros países também tem de se preocupar com o que acontece na Amazônia. Isso porque recentemente, um estudo realizado por doze pesquisadores do Brasil, Canadá, China, Estados Unidos e Reino Unido publicado na revista internacional “Reviews of Geophysics” mostrou que ecossistemas importantes à vida na Terra, como as camadas de gelo, recifes de corais e, é claro, a floresta amazônica estão sofrendo tantas mudanças que podem causar alterações irreversíveis e catastróficas no mundo todo. E o mais importante: cada um desses ecossistemas exerce influência direta uns sobre os outros.

“A floresta teria esse ponto de não retorno, em que fica pequena o suficiente para não conseguir sustentar sua umidade e vai se transformando em outro tipo de floresta, tendo uma degradação climática, porque não consegue se manter, e não haveria uma forma de voltar ao estado original, ao menos na escala de séculos”, afirma Liana Anderson, que foi coautora do estudo.

Fonte: ANDA

Correntes oceânicas na Antártida podem desacelerar mais de 40% nas próximas décadas

Uma equipa de cientistas da Austrália e dos Estados Unidos da América alerta que as correntes oceânicas que circulam em torno da Antártida “estão a caminho do colapso”, podendo, nos próximos 30 anos, desacelerar mais de 40%.

Num artigo divulgado na revista ‘Nature’, dizem que esse declínio provocará a estagnação dos movimentos de água nas profundidades dos oceanos, afetando o clima e os ecossistemas marinhos durante vários séculos.

Quando as águas de outros pontos do planeta chegam à Antártida arrefecem e, por isso, afundam até às profundezas do oceano, um mecanismo que atua como o ‘motor’ que dá vida a uma rede de correntes oceânicas que se estende por todo o mundo, transportando calor, carbono, oxigénio e nutrientes. Esses movimentos têm influência no clima, no nível das águas e na produtividade e saúde dos ecossistemas marinhos.

Estima-se que todos os anos cerca de 250 biliões (trillion em inglês) de toneladas de água salgada, fria e rica em oxigénio afunde nas imediações da Antártida, sendo depois transportada para norte, enriquecendo os oceanos Índico, Pacífico e Atlântico.

Matthew England, da Universidade de New South Whales, na Austrália, explica que os resultados da investigação permitiram constatar que, se não houver uma redução significativa das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera e se o degelo na Antártida continuar sem dar trégua, a dinâmica das correntes antárticas “irá desacelerar mais de 40% nos próximos 30 anos”, uma trajetória que, segundo o cientista, “caminha em direção ao colapso”.

“Se os oceanos tivessem pulmões”, diz England, o sistema de correntes antárticas “seria um deles”, tendo mantido uma relativa estabilidade ao longo de milhares de anos, que agora está ameaçada pelo aquecimento provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa.

Se a previsão se vier a concretizar, então os oceanos abaixo dos 4.000 metros estagnarão. “Isso aprisionaria os nutrientes no fundo dos oceanos, reduzindo os nutrientes disponíveis para suportar a vida marinha perto da superfície”, explica.

Para o investigador, essas “alterações profundas” nas correntes oceânicas “terão um significativo impacto adverso nos oceanos durante vários séculos”.

FRENTE Anti-Tourada agora no MeWe

Não estou e nem irei voltar a estar no Facebook.
A Rede Social em que estou presente, é o MeWe.
Recebi um conselho para voltar ao Facebook e criar lá um grupo anti-tourada.
Porem; como disse, não irei voltar para o lá.

Então; como estou nesta rede social fantástica que é o MeWe, pensei; porquê não criar lá um grupo anti-tourada?!
E assim o fiz!
O link dela é o seguinte: https://mewe.com/join/frenteanti-tourada

Convido o máximo numero de anti-tourada, a se juntarem a este meu novo grupo, que criei há pouco!

Mário Amorim

UMA DAS COISAS QUE MAIS QUERO É A ABOLIÇÃO DA TAUROMAQUIA

O que pouca gente compreende é que a ABOLIÇÃO da tauromaquia, é para mim, um dos meus maiores desejos.
Luto contra a tauromaquia de coração. Ponho o meu coração ao serviço desta luta.
Luto com a minha sensibilidade. Por exemplo. Não consigo aproximar-me de uma praça de touros, ainda em actividade. Pois é extremamente doloroso para mim.
Tudo o que falo, tem uma razão. O imenso amor, que tenho pelo touro e pelo cavalo!
Dou o máximo de mim.
O meu coração vai até ao limite, na luta, por vencer esta luta.
Sou e sempre serei uma pessoa extremamente sensível. E uso isso, para as minhas lutas.
Foi assim por Timor, durante 14 anos, 13 dos quais a dar tudo de mim, absolutamente sozinho. E no fim, valeu a pena tudo o que dei, por essa causa!
Não me limito a lutar. Não sou capaz disso. Dou o máximo que posso pelas minhas lutas!

Mário Amorim

AO LONGO DE 20 ANOS FALO ISSO. E PEÇO QUE PARCEBAM. É O MELHOR PARA O TOURO E PARA O CAVALO!

Esta manhã uma senhora amiga, mãe e avó dizia-me assim: “Mário, tens toda a razão. Se eles querem acabar com as touradas, como tu, têm de perceber que tens razão. Eles têm muito dinheiro, são de famílias ricas, muitos deles são da nobreza. Só a tua ideia, com a acção que falas, pode de facto ter um impacto muito forte!”

Podem pensar, e voltar a pensar.
Podem realizar marchas ou manifestações em Lisboa, com 5, 10 mil pessoas, que não chega. Não é nada e só prejudica a luta anti-tourada.
Para ter impacto junto da Assembleia da Republica. Para pressionar a Assembleia da Republica, têm de vir para as ruas 150 mil, ou mais de 150 mil pessoas. E tal número, só será possível de ser alcançado, numa grande acção como a Stop Corrida vai realizar em França, mais uma vez, por todo o continente e ilhas, simultaneamente. E aí sim, ao todo darão mais, se calhar bem mais, de 150 mil pessoas.

E só não entenderão isto, se a vossa teimosia não o permitir.
Ponham e teimosia de lado e ponham mãos á obra, para por esta acção, em marcha, para o inicio do próximo mês de Setembro!

Mário Amorim

Fiquei super contente com esta notícia! QUATRO GUEPARDOS NASCEM NA ÍNDIA APÓS DÉCADAS DE EXTINÇÃO NO PAÍS

Quatro guepardos nascem na Índia após décadas de extinção no país

O ministro do Meio Ambiente, Bhupender Yadav, publicou uma foto e um vídeo dos pequenos guepardos no Twitter. O primeiro-ministro, Narendra Modi, saudou a “notícia maravilhosa”.

De acordo com a imprensa indiana, um segundo guepardo, da Namíbia, dará à luz em breve.

Oito guepardos da Namíbia foram reintroduzidos na Índia no ano passado. No início deste ano, outros 12 guepardos chegaram da África do Sul para aumentar o primeiro contingente.

O anúncio do nascimento dos quatro filhotes acontece poucos dias depois da morte de um dos guepardos da Namíbia no Parque Nacional de Kuno, uma reserva natural situada a 320 quilómetros ao sul de Nova Déli, vítima de insuficiência renal.

O guepardo asiático foi declarado extinto na Índia em 1952. O marajá Ramanuj Pratap Singh Deo supostamente matou os últimos três espécimes no final dos anos 1940.

O desaparecimento do guepardo na Índia é atribuído principalmente aos caçadores, que cobiçavam a sua preciosa pele coberta de manchas arredondadas, mas também à perda do seu habitat.

Fonte: SAPOVIAGENS

 

Quanto tempo pode em média um gato pode viver?

A duração de vida de um gato doméstico – o máximo que pode esperar viver – é de cerca de 30 anos. No entanto, isto não significa que o gato viverá tanto tempo: a duração real da vida de um felino é influenciada pela genética, ambiente e estilo de vida, bem como por lesões e doenças.

A esperança média de vida de um gato depende muito das suas condições de vida. Por exemplo, um gato de rua vive muito menos anos do que um gato de casa, com bons cuidados de saúde e uma boa alimentação. No entanto, podemos apontar a esperança média de vida de um gato caseiro entre 12 e 15 anos. Por isso, estes gatos são mesmo extraordinariamente velhos!

Tal como nos humanos, as gatas fêmeas tendem a viver mais tempo do que os machos. Os gatos castrados são também suscetíveis de viver mais tempo do que os intactos, e os gatos de raça pura são menos suscetíveis de viver tanto quanto os cruzamentos de raças.

Segundo o Guiness World Records, o gato mais velho do mundo foi Creme Puff, que viveu 38 anos e 3 dias. O equivalente a 169 anos humanos!

Creme Puff, gato mais velho do mundo

Da raça Tabby Mix, viveu uma vida longa e feliz junto do seu dono Jake Perry, em Austin, Texas, nos Estados Unidos da América.

No entanto, é possível que tenha havido outro gato mais velho ainda. Lucy, da raça Tabby, poderá ter vivido 39 anos. Após a sua morte, o seu dono desconfiou que Lucy poderia ser muito velha, quando a sua idosa tia disse que se lembrava dela em criança. O veterinário estimou a idade dela em 172 anos humanos.

Fonte: Green Savers

ONDE FICA A CRÍTICA DE CLASSE À TAUROMAQUIA?

A tauromaquia não faz parte das principais preocupações da população portuguesa. O aumento dos preços, a saúde pós-pandémica ou a guerra de Ucrânia são hoje os temas prioritários. No futuro serão outros, mas as touradas dificilmente tirarão o sono à maioria das pessoas que cá vive e trabalha.

Mesmo assim existem surtos tauromáquicos na opinião pública propiciados pela comunicação social. Emergem cada vez que alguém propõe alterar a idade mínima de assistência aos espetáculos taurinos, modificar o IVA dos bilhetes ou, num exercício de maximalismo político, proibir as corridas de touros. Nessas ocasiões, o debate torna-se aceso nas televisões, nos jornais ou nas redes sociais confirmando aquilo que já se suspeitava: as polémicas sobre a tauromaquia estão mediaticamente sobrerrepresentadas.

Estamos perante uma questão inflacionada na arena pública, e para a qual também contribuem os partidos políticos. Estes dificilmente deixam fugir a oportunidade de marcar posições neste terreno. A sobre representação mediática e a inflação política não implicam que os portugueses sejam indiferentes aos assuntos tauromáquicos. De facto, não o são e expressam opiniões diversas que refletem uma saudável moderação afastada do ruído gerado pelos media e pelos partidos políticos.

Os partidos adotam um alinhamento mais ou menos fixo cada vez que as touradas chegam ao parlamento. A direita não tem dúvidas: a tauromaquia é para manter em nome das tradições, da cultura e do caráter nacional. A esquerda tem dúvidas, o que se traduz num leque de posições que vai da repulsa até à defesa entusiástica, passando por uma aprovação mais ou menos condescendente. Dir-se-ia que para a direita a tauromaquia não é um problema, enquanto para a esquerda é uma fonte de tensões.

Porque é que acontece? Porque é que não existe na esquerda o consenso da direita? Para responder, convém olhar com mais atenção para os argumentos que oferecem cada uma das partes.

Para a direita, a tauromaquia possui uma origem milenar e está vinculada à idiossincrasia nacional. É, portanto, uma manifestação cultural típica de Portugal. Não interessa se estas afirmações são verdadeiras. De facto, dificilmente resistiriam a uma análise rigorosa.

Começando pela direita, vale a pena relembrar a campanha eleitoral das últimas eleições legislativas. Na altura, Rui Rio, na liderança do Partido Social-democrata (PSD), garantia a um grupo de forcados em Santarém o apoio do seu partido à tauromaquia. Os sociais-democratas nunca deixariam cair uma tradição autenticamente portuguesa. Surge assim a ideia de tradição como argumento. No mesmo sentido se manifestava a propaganda do partido Aliança presente num cartaz com a imagem de um touro e o slogan seguinte: “Nas nossas tradições ninguém mexe”. Parece, pois, que existe a tentativa de alterar uma tradição comum.

O Centro Democrático Social (CDS) apontava na mesma direção na conferência “As touradas: factos e realidades”. Este evento tinha um objetivo duplo. Por um lado, argumentar junto dos assistentes sobre a tauromaquia como “realidade ancestral” do povo português. Por outro lado, desmontar os “mitos” e as “falácias” que difundem aqueles que desejam “apagar a tradição”. Estamos perante um elemento fulcral da nacionalidade que supostamente estaria a ser atacado.

Pedro Pinto, deputado do Chega, de extrema-direita, insiste continuamente nesta ideia nas suas intervenções na Assembleia da República: o seu partido defenderá a cultura e as tradições da “nossa nação”. A Iniciativa Liberal (IL) desmarca-se dos argumentos até agora oferecidos. Defende a existência da tauromaquia sempre que haja pessoas que queiram participar em atividades taurinas ou assistir a espetáculos dessa natureza. Trata-se, segundo os liberais, de respeitar as liberdades individuais.

Em suma, para a direita, a tauromaquia possui uma origem milenar e está vinculada à idiossincrasia nacional. É, portanto, uma manifestação cultural típica de Portugal. Não interessa se estas afirmações são verdadeiras. De facto, dificilmente resistiriam a uma análise rigorosa. O que interessa é a sua capacidade de persuasão, ou seja, que funcionem como verdades para o eleitorado.

Na esquerda, o panorama é bem diferente. O Bloco de Esquerda (BE) é abertamente contrário à tauromaquia e a sua argumentação concentra-se em três pontos. Em primeiro lugar, os touros são animais que sentem e, por extensão, sofrem durante a corrida. Em segundo lugar, a tauromaquia exibe níveis de violência inadmissíveis em sociedades avançadas. Em terceiro lugar, os espetáculos taurinos beneficiam de apoios – subsídios e vantagens fiscais – procedentes do Estado ou das autarquias, o que não é justo ao tratar-se de uma atividade eticamente reprovável.

Em geral, estes são também os argumentos do partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN). Não é fácil classificar-se este partido num eixo tradicional esquerda/direita, onde, nesta matéria e por razões de conveniência, posiciono junto ao BE.

A argumentação do Partido Comunista Português (PCP) é diferente e está estreitamente ligada ao poder autárquico. O PCP reconhece que a tauromaquia faz parte das tradições do país e, por esse motivo, não pode ser suprimida por decreto. É preciso ter em conta que as tradições tauromáquicas constituem formas de expressão da cultura popular e da identidade de muitas povoações portuguesas, argumenta. Neste terreno, o poder central deve ouvir o que tem a dizer o poder local.

O Partido Socialista (PS) apresenta uma face tripla quando se fala em tauromaquia: rejeição, reivindicação e aceitação. A rejeição é encarnada, por exemplo, na figura da antiga ministra da cultura, Graça Fonseca, que se opôs à diminuição do IVA para os espetáculos tauromáquicos em nome do avanço civilizacional. Tratar-se-ia de desincentivar a assistência a eventos que representam um retrocesso ético para a comunidade.

A reivindicação vem da mão de um membro histórico do PS, Manuel Alegre, extremamente crítico das palavras de Graça Fonseca. Alegre vê nelas um sintoma da correção política, da intolerância e da tendência punitiva contra a tourada. Esta constitui uma “grande tradição ibérica” que é necessário manter devido à sua dimensão artística, moral e transcendental.

As classes populares não têm capital económico para ser donos de cavalos e carecem do capital social que acompanha a pertença a estas famílias. Quando olhamos para a tourada portuguesa descobrimos um espaço de desigualdades perpetuadas no tempo.

Por último, a aceitação é a atitude exibida pelo atual ministro da cultura, Pedro Adão e Silva, que declara o seu respeito pela diversidade de opiniões em torno da tauromaquia e mostra-se contrário à censura de “práticas culturais”. O ministro sugere que este tema é um “não-tema” para a disputa política, apostando na simples aplicação da legislação em vigor. As três caras do PS são visíveis. Há uma que não está longe do BE e que insiste na supressão dos valores que nos fazem regredir como pessoas. Há outra que coincide com a argumentação da direita quando fala em tradição e cultura. E há uma terceira que procura, sobretudo, não hostilizar a opinião pública com assuntos já regulamentados.

Na esquerda há por onde escolher, embora também existam ausências na argumentação. Uma dessas ausências, especialmente significativa, é a da classe social. A esquerda refere a tradição, a cultura, o poder local, os valores civilizacionais ou o sofrimento animal quando olha para a tauromaquia, mas esquece-se das questões de classe. De algum modo, a ênfase noutros argumentos tem obscurecido a sua importância e, por conseguinte, todo o sistema de desigualdades sociais associados ao mundo do touro.

Para compreender a relevância da classe social na tauromaquia é preciso recuar no tempo e observar como se foi estruturando a tourada. A sua origem está nas caçadas dos nobres, que confrontavam touros – entre outros animais selvagens – como espécie de treino para a guerra. Ao mesmo tempo, deviam mostrar nesse confronto que eram merecedores de um estatuto social elevado: o prestígio aristocrático tinha de ser confirmado mediante uma luta honrosa que acabasse com a morte do animal.

Assim, desde a Idade Média até, aproximadamente, ao século XVIII, a tourada foi uma dádiva que a nobreza oferecia ao povo durante, por exemplo, casamentos e batizados reais. As classes populares podiam comprovar numa praça (e gratuitamente) a destreza e a coragem dos cavaleiros. Estes só podiam ser nobres, enquanto a pé ficavam os seus ajudantes, inferiores em condição social. Em suma, a tourada servia para confirmar e reforçar o estatuto social dos privilegiados.

Os nobres foram perdendo o gosto pela guerra quando encontraram nas cortes reais um espaço para encenar o seu prestígio mediante a etiqueta, a cortesia e a conquista do favor do rei. Assim, a nobreza deixou de lutar para se tornar cortesã. Nesta altura, a tourada já não serve para exibir o estatuto social, daí que o espaço dos nobres seja ocupado, paulatinamente e desde o século XVIII, pela burguesia terratenente. Estes novos proprietários rurais são agora os cavaleiros na tourada: burgueses com um verniz aristocrático.

A estrutura convencional da tourada à portuguesa começou a ser fixada, sendo definitivamente estabilizada no século XX. Nessa estrutura temos os cavaleiros como profissionais remunerados e protagonistas da lide. Temos também os forcados, a pé e sem remuneração dada a sua condição oficial de amadores. E temos os touros, com os pitões protegidos para não ferir os cavalos. A modalidade tauromáquica que se diz nacional, a tourada à portuguesa, possui uma estrutura que limita o acesso das classes populares à profissionalização. Por outras palavras, a tourada à portuguesa é uma fonte de desigualdade social.

A burguesia terratenente tem controlado a estrutura da tourada, favorecendo os seus interesses. Por um lado, as suas ferramentas de trabalho, os cavalos, ficaram mais protegidos com a obrigação de embolar os touros. O risco de ferimentos para um bem tão apreciado é reduzido dessa maneira. Por outro lado, só os cavaleiros são profissionais remunerados. Perante isto, que saídas têm as classes populares que desejam vingar no mundo dos touros?

Como não têm cavalos, terão de ser toureiros a pé, embora em Portugal sejam escassas as corridas onde ocupam o papel protagonista. Esta via de profissionalização oferece poucas oportunidades. De facto, os toureiros a pé portugueses sempre procuraram desenvolver as suas carreiras em Espanha, onde o toureio a pé é a modalidade dominante. Uma outra opção é integrar um grupo de forcados, mas estes fazem do amadorismo a sua razão de ser, o que nega qualquer possibilidade de profissionalização.

Quem é que pode ainda ser dono de cavalos especificamente treinados para a tourada? Em geral, os grandes proprietários rurais, grupo social do qual procedem maioritariamente os cavaleiros. São estes os que têm condições para criar e manter os cavalos, além de adquirir novos exemplares. Mas é também no seio destas famílias onde se aprende a lidar com o touro. São um repositório de saberes transmitidos através das gerações, o que permite a formação de estirpes de cavaleiros.

Resumindo, as classes populares não têm capital económico para ser donos de cavalos e carecem do capital social – rede de relações e conhecimentos – que acompanha a pertença a estas famílias.

A tourada à portuguesa é uma fonte de desigualdade social. A burguesia terratenente tem controlado a estrutura da tourada, favorecendo os seus interesses.

Quando olhamos para a tourada portuguesa descobrimos um espaço de desigualdades perpetuadas no tempo. A hegemonia dos cavaleiros impede a abertura de vias de profissionalização para as classes populares. Sob esta perspectiva, a tourada não é algo de todos e para todos, como se costuma dizer. A verdade é que está mais próxima de ser algo de alguns e para alguns.

Como já disse, a classe social não conta para a esquerda no terreno da tourada. Mas contou alguma vez? Para responder, temos de viajar de novo ao passado e, mais concretamente, a Vila Franca de Xira. Segundo Luís Capucha no seu artigo “Festas de touros”, antes do 25 de Abril de 1974 os militantes democratas, herdeiros da tradição republicana, eram maioritariamente adeptos do toureio a pé. Faziam uma leitura da situação servindo-se da classe social: o toureio a pé representaria as classes populares que podem ascender socialmente graças às suas habilidades e à sua coragem. Não são como os cavaleiros, filhos dos latifundiários, que herdam o estatuto social, os cavalos e os conhecimentos.

Com o 25 de Abril chegaram novas oportunidades e um grupo de toureiros a pé com a colaboração de alguns locais que pretendiam organizar corridas cujos protagonistas fossem, precisamente, os toureiros a pé como profissionais remunerados. Esses espetáculos não são touradas à portuguesa e sim corridas que, além dos próprios toureiros a pé, incluem picadores a cavalo e a morte do touro na praça.

Abriram-se oportunidades de profissionalização para os toureiros a pé originários das classes populares ao longo de 1975 e 1976. Logo depois chegou a repressão policial e a intervenção estatal, que declarou ilegais tais espetáculos. Neste terreno não existiu qualquer rutura revolucionária ou democrática com o Estado Novo, uma vez que a normativa que se aplicou foi a aprovada durante a ditadura. Fechou-se assim a via popular para se regressar, de novo, à hegemonia dos cavaleiros. Desde então, ficou claro que as classes populares podiam dominar à vontade as largadas ou as esperas, enquanto eram secundarizadas no evento tipicamente nacional, isto é, na tourada à portuguesa.

A classe social conta uma história diferente da tauromaquia, menos mistificada e menos nacionalista, embora mais realista. Chegados a este ponto, resta responder a uma última pergunta: em que medida a classe social é relevante para a esquerda no seu posicionamento face às touradas?

Relembremos rapidamente aquilo que revela um olhar através da lente da classe social. Em primeiro lugar, a persistência de uma estrutura da tourada que satisfaz os interesses dos cavaleiros, procedentes na sua maior parte da burguesia latifundiária. Em segundo lugar, o bloqueio da profissionalização do toureio a pé, mais próximo das classes populares. Em terceiro lugar, o reencaminhamento das classes populares para modalidades tauromáquicas não remuneradas. Em quarto e último lugar, o esquecimento da própria classe social na interpretação dominante da tourada, hegemonizada por conceitos como a tradição, a cultura e a nação.

Ao Bloco de Esquerda a análise de classe serve-lhe de pouco. O seu vocabulário é o do sofrimento animal, o dos direitos dos animais ou o das touradas como escolas de violência. Dificilmente adotará a perspectiva da classe social. Não faria muito sentido denunciar as desigualdades sociais e defender a sua correção na atividade tauromáquica quando, em geral, deseja ver suprimida a própria atividade.

A mesma análise de classe pode ser, à partida, mais pertinente para o PCP ou até para o setor do PS que reivindica o valor da tourada. Historicamente, a esquerda sempre desconfiou dos movimentos protetores dos direitos dos animais. A raiz da desconfiança foi sempre a mesma desde o século XIX: estes movimentos não passariam de organizações burguesas que se preocupavam mais com a sorte dos animais do que com as desfavoráveis condições de vida que a dominação capitalista impõe ao proletariado. Essas organizações, muitas delas fundadas por aristocratas em horas baixas, operavam no mundo urbano e exibiam, aos olhos dos comunistas, um desconhecimento absoluto do mundo rural, onde as relações animal humano-animal não-humano são diferentes das relações dos urbanitas com os seus animais de estimação.

Neste sentido, o PCP não usa o vocabulário do BE, sendo mais sensível às particularidades e às identidades locais, muitas delas localizadas no âmbito rural e favoráveis à celebração de espetáculos tauromáquicos.

A verdade é que a correção das desigualdades sociais associadas à tauromaquia implicaria alterar o equilíbrio de forças na tourada retirando poder e protagonismo aos cavaleiros e organizando mais espetáculos de toureio a pé. Não é, pois, uma correção simples de executar. Também não se percebe muito bem qual seria o ganho eleitoral para os partidos. Ao fim e ao cabo, não deixa de ser uma espécie de reforma de um setor de atividade que interessa, sobretudo, aos envolvidos na atividade. Não nos esqueçamos que os portugueses têm opiniões sobre as touradas, mas que não fazem parte das suas preocupações principais. Assim, tudo aponta para a total ou a relativa irrelevância que a classe social tem para a esquerda no debate sobre as touradas.

Este debate continuará a ser dominado pela tradição, pela cultura e pela nação apesar das idealizações, romantismos e exageros que propiciam estes argumentos.

É frequente ouvir a afirmação de que as touradas não são de esquerda nem de direita. Como declaração de intenções, até pode ser verdade: nenhuma atividade humana possui um significado intrínseco até os diferentes grupos sociais tentarem a sua apropriação impondo um dado significado, unívoco e tido como correto. Mas essa afirmação, quando observada pelo filtro da classe social, é inexata. Sabemos que há grupos sociais privilegiados e secundarizados. Sabemos que há desigualdades. Sabemos que há interesses satisfeitos e desatendidos. E sabemos que a base social do privilégio está no cavaleiro e nos proprietários latifundiários. Sob esta ótica, não parece que a tourada esteja muito virada para a esquerda.

Fonte:   Setenta e quatro

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PS: A maioria dos deputados são pró-tourada
PSD: É claramente pró-tourada
Chega: Claramente pró-toura
PCP: Claramente pró-tourada
IL: Aceitam as touradas
BE: Claramente contra as touradas.
PAN: Claramente contra as touradas
Livre: Contra as touradas

Ainda acham que é possível, num parlamento que é 80, 90% pró-tourada, conseguir a abolição, sem ser exigida nas ruas, um pouco por todo o continente e ilhas?
-Abram os olhos!
A Abolição da tauromaquia em Portugal, só é possível, sendo exigida nas ruas, por todo e continente e ilhas. Podem teimosamente continuar a recusar esta acção. Mas é a única que enviará para o Parlamento uma mensagem forte e inequívoca!

Mário Amorim

OS TENTÁCULOS DAS FORÇAS DA NÃO LUZ CAIRAM SOBRE MIM

Hoje, o youtube suspendeu o canal que tinha.
Já não publicava nada desde 2007. E antes; uns anos antes.
A última publicação, foi de um vídeo para partilhar um link de um programa de vídeo, portable.
Todos os meus outros vídeos, eram animalistas.
No meu canal só seguia canais de espiritualidade. E uns de New Age music.
Mas nos últimos tempos comecei a receber avisos do youtube de que canais que eu não seguia, e de publicações que não fiz. Informei o youtube sobre isso. Mas não serviu de nada.

Sou mais um trabalhador da luz, com um canal suspenso, por essa razão. Por ser trabalhador da luz.

Nos últimos anos foram dezenas de trabalhadores da luz, suspensos pelo youtube pela mesma razão, bem como bons canais da luz. Os tentáculos da não luz são mesmo!

Mário Amorim